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O acesso culposo do 1. FC Köln

Do rebaixamento ao acesso: como o clube reduziu suas dívidas, enfrentou punições e reencontrou seu lugar na Bundesliga.

COLÔNIA, ALEMANHA - 18 DE MAIO: Florian Kainz, do 1. FC Köln, ergue o troféu da Segunda Bundesliga após a vitória na partida da segunda divisão entre 1. FC Köln e 1. FC Kaiserslautern, no RheinEnergieStadion, em 18 de maio de 2025, em Colônia, Alemanha. (Foto de Christof Koepsel/Getty Images)

Um ano longe da Bundesliga pode não parecer uma eternidade para muitos, mas para o Köln, cada dia de ausência foi um golpe no orgulho de uma cidade que vive e respira futebol. Agora, de volta à elite, o clube carrega consigo não apenas a celebração do acesso, mas uma história marcada por superação e contradições.

Em 2022, o Köln era um gigante cambaleante, sobrecarregado por dívidas que ultrapassavam 70 milhões de euros. Dois anos depois, o cenário mudou: o balanço divulgado em setembro de 2024 revelou que o clube reduziu seu passivo pela metade (para 37,8 milhões) e aumentou seu patrimônio líquido para 26 milhões. Esses números não são meras planilhas contábeis – são a prova de que, mesmo em meio ao caos, uma gestão disciplinada pode reerguer uma instituição.

  COLÔNIA, ALEMANHA - 3 DE MAIO: Vista geral do interior do estádio antes da partida da Segunda Bundesliga entre o 1. FC Köln e o SSV Jahn Regensburg, no RheinEnergieStadion, em 3 de maio de 2025, em Colônia, Alemanha. (Foto de Christof Koepsel/Getty Images)

Mas nem tudo foram conquistas. Enquanto celebrava sua recuperação financeira, o Köln foi surpreendido por uma punição da FIFA devido ao caso Jaka Potocnik. Em dezembro de 2023, o Tribunal Arbitral do Esporte (CAS) confirmou a sanção imposta ao clube por aliciamento do jogador, então com 16 anos, em 2022. A decisão destacou que o Köln exerceu influência indevida para acelerar sua transferência, e a própria mãe do atleta admitiu omissões no contrato com o Olimpija Ljubljana. O episódio serviu como um duro lembrete: na busca pela redenção, erros do passado ainda cobram seu preço.

Em maio de 2024, o rebaixamento do Köln foi consumado após uma goleada sofrida para o Heidenheim (4–1). O time demonstrava fragilidade: um elenco desequilibrado, um trabalho técnico insuficiente de Timo Schultz e uma torcida frustrada. Apesar da pressão, a diretoria, liderada pelo presidente Werner Wolf, optou pela continuidade de Christian Keller no cargo de diretor esportivo. A decisão mostrou-se acertada: Keller manteve peças-chave como o goleiro Marvin Schwäbe, o meia Dejan Ljubicic (cobiçado por clubes da Bundesliga e da Inglaterra) e Luca Waldschmidt (contratado em definitivo após empréstimo). Além disso, renovou com Luca Kilian, Florian Kainz e Denis Huseinbasic, garantindo a base do elenco.

Mesmo sob restrições de transferência devido à punição da FIFA, o clube investiu em jovens talentos, como Chilohem Onuoha (RB Leipzig), Mansour Ouro-Tagba (1860 München) e os irmãos Malek e Said El Mala (Viktoria Köln) – todos posteriormente emprestados.

 COLÔNIA, ALEMANHA - 3 DE MAIO: O técnico Gerhard Struber, do Colônia, reage durante a partida da Segunda Bundesliga entre o 1. FC Köln e o SSV Jahn Regensburg, no RheinEnergieStadion, em 3 de maio de 2025, em Colônia, Alemanha. (Foto de Christof Koepsel/Getty Images)

No banco de reservas, a aposta foi no austríaco Gerhard Struber, que chegou prometendo um futebol ofensivo, de pressão alta e transições rápidas. A equipe começou de forma irregular: nas 10 primeiras rodadas, somou apenas 12 pontos, ocupando a 12ª posição. Após uma derrota para o Paderborn, Struber abandonou o 4-4-2 e adotou um esquema com três zagueiros, incluindo Dominique Heintz e liberando Jan Thielmann no ataque. A mudança funcionou: entre as rodadas 11 e 17, o Köln saltou para a liderança.

Porém, em 2025, as lesões de peças importantes (Lemperle, Maina, Kilian e Finkgräfe) abalaram o time. Struber tentou retomar o formato inicial, mas o desempenho piorou, culminando em sua demissão após oscilações entre as rodadas 26 e 32.

NUREMBERG, ALEMANHA - 09 DE MAIO: Friedhelm Funkel, técnico interino do 1. FC Köln, aplaude a torcida enquanto comemora a vitória após a partida da Segunda Bundesliga entre 1. FC Nürnberg e 1. FC Köln no Estádio Max-Morlock, em 09 de maio de 2025, em Nuremberg, Alemanha. (Foto de Alexander Hassenstein/Getty Images)

Na hora do desespero, o clube recorreu a Friedhelm Funkel, o mesmo técnico que o salvou do rebaixamento em 2021. Dessa vez, o veterano não precisou de milagres – apenas estabilidade e pragmatismo. Enquanto isso, Thomas Kessler, ex-goleiro e agora executivo, ganhava destaque nos bastidores, assumindo interinamente o lugar de Keller após sua saída em maio de 2025.

Agora, de volta à Bundesliga 2025/26, o Köln não pode se contentar apenas com o acesso. O desafio é maior: equilibrar as contas sem abrir mão da ambição. Será que o clube está pronto para enfrentar a elite novamente, ou o fantasma do rebaixamento ainda ronda? Uma lição ficou clara: no futebol, cair é inevitável – mas levantar é obrigação.

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