Pesquisar

A nova cara do Bayern

Julian Nagelsmann remodelou seu ataque e o Bayern começou a temporada voando

Após 8 anos de parceria, o Bayern iniciou sua preparação para a temporada 22/23 sem contar com Robert Lewandowski no elenco. Vendido ao Barcelona, o atacante polonês foi uma das referências do clube bávaro ao longo da última década e era a principal fonte de gols do Bayern. Sua ausência - e a falta de uma reposição com as mesmas características -, portanto, era um ponto de preocupação para a nova temporada.

O Bayern tratou de espantar qualquer dúvida rapidamente e iniciou a temporada muito bem: em apenas 3 partidas disputadas, foram 3 vitórias (título da Supercopa Alemã incluso) e incríveis 13 gols marcados, a partir de um esquema diferente. Além disso, os 13 tentos foram bem distribuídos: sete jogadores diferentes marcaram.

Nagelsmann - Reprodução: Lars Baron/Getty Images

A nova formação do Bayern

Julian Nagelsmann optou por reconstruir o ataque do Bayern sem a presença de um centroavante clássico. Sadio Mané, o grande reforço da temporada, já atuou na posição mas tem características bem diferentes de Lewandowski. Diante disso, o jovem treinador tem montado sua equipe em um 4-2-2-2, inicialmente com Mané e Gnabry formando uma dupla de ataque bem móvel. Durante fases diferentes da partida, os dois atacantes costumam alternar suas posições com Müller e Musiala, tornando a marcação adversária uma tarefa ainda mais complicada.

Formação base do Bayern (Reprodução/SkySports - editada)

Thomas Müller

Dentro desse sistema, a movimentação de Thomas Müller, em especial, é fundamental para o funcionamento da equipe. Alternando bastante entre posições mais abertas e o centro do campo, Müller é capaz de gerar dúvidas na marcação, possibilitando a criação e o aproveitamento de espaços vazios. 

No exemplo abaixo, Müller recua para oferecer uma opção de passe a mais, arrastando o ala esquerdo (Henrichs) consigo. Ele escora rapidamente para Sabitzer, que percebe o espaço vazio e lança Mané, mais rápido e mais ágil que o defensor, em profundidade.

Müller criando espaços (Reprodução/SkySports - editada)

Em outra jogada, Müller permanece em uma posição mais central e Henrichs decide pressionar Pavard. O meia rapidamente percebe o espaço que surgiu nas costas do ala e o ocupa - Pavard então inverte a bola para Lucas Hernández, que faz um lançamento longo buscando Müller. Nessa situação, Müller recebe em boas condições e o zagueiro precisa sair para cobrir a ausência do ala, gerando uma possibilidade de ataque em 2 vs 1 na grande área do Leipzig.

Müller explorando espaços (Reprodução/SkySport - editada)

Esse tipo de jogada aconteceu contra o Eintracht Frankfurt...

originando, inclusive, um dos gols...

e também contra o Wolfsburg.

Jamal Musiala entrelinhas

O papel de Musiala, embora também esteja relacionado a progressão de jogadas, é um pouco diferente. O jovem de apenas 19 anos tem bastante liberdade para circular pelo campo e costuma ocupar os espaços por trás dos volantes adversários, oferecendo uma linha de passe que facilite o avanço para o campo ofensivo. 

Diferentemente de Müller, que prefere jogar a um toque, a facilidade de Musiala em girar com a bola dominada e a percepção do que acontece ao seu redor, somadas a sua qualidade técnica, o permitem conduzir a bola por alguns metros antes de realizar um passe ou uma finalização.

Mobilidade e profundidade

A mobilidade do ataque bávaro também permite alternativas interessantes no decorrer da partida. Ao enfrentar RB Leipzig e Eintracht Frankfurt, duas equipes que atuam com 3 defensores, o Bayern foi capaz de igualar e/ou gerar superioridade numérica no ataque ao usar 3 dos atacantes para fixar os zagueiros adversários e posicionar um quarto jogador entrelinhas, nas costas dos volantes adversários. 

Os atacantes do Bayern empurram a última linha do Frankfurt para trás (Reprodução/SkySports - editada)

Essa situação aconteceu no segundo gol da Supercopa.

Transições defensivas

A nova formação do Bayern também acaba por oferecer maior solidez defensiva, por ter dois volantes próximos a base da jogada, sempre preparados para pressionar caso o ataque acabe perdendo a posse de bola. Um estilo de pressão bastante intenso e que conta com os dois laterais bem avançados, no entanto, depende bastante da agressividade de seus zagueiros para funcionar (Upamecano e Lucas Hernández começaram a temporada muito bem nesse quesito): é bem comum ver os defensores do Bayern subindo para matar a jogada lá no campo de ataque. 

Caso essa pressão seja superada, o time adversário tem bastante terreno para correr e pode chegar à área em vantagem numérica, através de toques rápidos ou de uma inversão de corredor.

Vídeos: Reprodução/SkySports - editados

Postar um comentário

0 Comentários