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Os norte-americanos e a Bundesliga: um caso de amor

Vimos aumentar, nos últimos anos, o número de jovens promessas norte americanas na Bundesliga. Para entender esse movimento, fomos atrás de um especialista no assunto. Entenda o motivo dos jogadores americanos preferirem a Bundesliga como casa.


Foto/Reprodução: Getty Images


Por que as grandes promessas do futebol estadunidense estão indo para a Bundesliga? Por que o futebol alemão é o seu destino favorito, ao invés do inglês ou do espanhol? Para responder a essas perguntas fomos atrás de um especialista na MLS. Pedro Luis Cuenca é jornalista e referência quando o assunto é o futebol jogado na terra do Tio Sam. Atendendo, de imediato, ao nosso pedido, Pedro, nos presenteou com o texto que verá a seguir. Agradecemos a ele pela boa vontade e pela valorosa contribuição. Fiquem com as suas palavras.

Um dos grandes mercados para o jogadores estadunidenses — e da MLS, em geral — é a Alemanha. Atualmente, a Bundesliga abriga John Brooks (Wolfsburg), Weston McKennie (Schalke 04), Tyler Adams (RB Leipzig), Timothy Chandler (Eintracht Frankfurt), Alfredo Morales (Fortuna Dusseldorf), Josh Sargent (Werder Bremen), Gio Reyna (Borussia Dortmund) e Zack Steffen (Fortuna Dusseldorf). Isso, claro, sem contar aqueles que já passaram pelo país e brilharam na seleção, como Christian Pulisic, Bobby Wood, Eric Wynalda, Landon Donovan, Jermaine Jones, Kasey Keller e muitos outros.

Foto/Reprodução:  REUTERS/Leon Kuegeler

Mas por que a Bundesliga, e o futebol alemão, acabam atraindo tantos jogadores dos Estados Unidos? A ligação dos dois países é de longa data, muito antes Jurgen Klinsmann, ídolo da seleção alemã, comandar a seleção dos Estados Unidos. Nos anos 90, o país europeu já era bem procurado pelos americanos para atuar, assim como muitos alemães foram até a Major League Soccer encerrar a carreira —  Bastian Schweinsteiger é o mais recente exemplo.

A receptividade da Bundesliga com jogadores jovens é um fator que atrai os talentos dos Estados Unidos. A maioria dos clubes tem uma maior permissividade para experimentar novos atletas em diferentes torneios, mesmo nas grandes equipes, o que agrada quem acaba de sair de uma liga menor, como é a MLS — ou mesmo quem sai cedo dos Estados Unidos. Pulisic talvez seja o melhor exemplo disso, quando subiu aos poucos na base do Borussia Dortmund até se consolidar como titular da equipe. McKennie e Adams, titulares do meio-campo da seleção dos EUA, também chegaram jovens e conseguiram, aos poucos, ritmo para se encaixar em seus times.

A facilidade para atuar, digamos assim, também é um fator considerado. Na Inglaterra, por exemplo, é preciso uma porcentagem de jogos pela seleção para conseguir uma vaga na Premier League. A Alemanha é um país menos rigoroso com essas questões e atrai promessas que ainda estão ganhando espaço. Por isso tantos jovens estão lá aproveitando oportunidades.

O estilo de jogo e de vida também encaixam melhor. Na Alemanha, é mais fácil se comunicar em inglês do que na Espanha, na Itália ou na França, por exemplo, apenas para citar outras grandes ligas europeias. O futebol também agrada melhor, com o estilo alemão de ataque e defesa sendo o mais próximo do que os Estados Unidos adotam em suas bases e também na MLS. Na Espanha, por exemplo, o foco é na habilidade técnica, onde muitos ainda pecam. Na Itália, o poder tático é fundamental, outro ponto negativo. A França tem a parte física como maior atributo, enquanto a maioria dos jovens americanos não se encaixa no padrão. Por isso, a Alemanha agrada mais aos olhos de que está no "novo continente".

Foto/Reprodução: Getty Images

Por fim, a guerra é um outro ponto que acaba ligando muito os dois países. Ao final da Segunda Guerra Mundial, muitos soldados americanos ficaram no país, especialmente com a divisão da Alemanha e do Muro de Berlim. Com isso, uma geração de atletas nasceu na Europa, mas optou por defender os Estados Unidos após se ver sem espaço na seleção alemã. 

O primeiro "boom" veio nos anos 80 e 90, claro. O segundo chegou logo depois, após a unificação alemã, quando as vagas ficaram ainda mais acirradas. Foi o caso de Jermaine Jones, nascido na Alemanha, mas que defende os EUA. John Brooks é outro caso parecido. Ambos, nascidos no país europeu e sem muita familiaridade com a terra natal de seus pais, defendem outra nação. Jones ainda atuou na MLS em seus últimos anos, mas Brooks dificilmente fará esse caminho tão cedo.
É difícil escolher apenas um destaque dos Estados Unidos atuando na Alemanha. Gio Reyna é o mais novo, sim, e tem um sobrenome que o faz badalado, mas não é o mais talentoso. Steffen é um goleiro seguro, mas que saiu do foco e precisa manter a cabeça para continuar ganhando oportunidades. Sargent parece que será a salvação para a seca no ataque estadunidense, mas a dupla do meio-campo é que mais agrada aos olhos.

Enquanto McKennie é ótimo na função de primeiro volante, para começar o jogo e faz um ótimo trabalho na marcação, Adams é o mais completo de uma promissora geração de atletas dos Estados Unidos. Revelado no NY Red Bulls, ele atua como mais como segundo volante. Além de ser ótimo nos passes e na saída de jogo, costuma aparecer bem no ataque e tem sido a grande esperança para descarregar a pressão dos ombros de Pulisic no setor ofensivo na USMNT.

Você encontra o Pedro no Footure FC, no Território MLS e no Twitter (@pedroluiscuenca)

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