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Manter os bons resultados em duas competições é o desafio para o Schalke

Fotos: Reprodução / Facebook

O salto que o Schalke 04 deu da temporada 2016/17 para a 2017/18 foi uma das boas surpresas da última Bundesliga. Em questão de um ano, o clube de Gelsenkirchen passou do 10º para o 2º lugar, somando 20 pontos a mais no último campeonato, em comparação com o anterior. Os resultados e o desempenho da equipe colocaram em evidência o treinador Domenico Tedesco e agora a expectativa sobre o seu trabalho já começa no alto. Há um ano ele era um profissional sem qualquer experiência na primeira divisão alemã. Daqui algumas semanas, ele terá sua estreia na UEFA Champions League.

O fato de participar da maior competição de clubes da Europa traz também uma evidente dificuldade a mais para o Schalke por conta do calendário, já que o time terá pelo menos seis jogos no meio da semana. O aumento no número de compromissos e o tempo reduzido para treinos vai exigir mais do elenco, e a maior questão para os Azuis Reais nesta temporada é se a equipe vai conseguir conciliar a Champions League e a Bundesliga, repetindo nas duas competições o desempenho consistente do último ano.

A diretoria do Schalke, liderada pelo direto esportivo Christian Heidel, trouxe bons reforços na janela de transferências, mas perdeu Leon Goretzka e Max Meyer de graça. Ambos foram titulares em 21 jogos na última temporada da Bundesliga e a saída deles deixa Tedesco com duas boas e promissoras opções a menos no meio-campo. A contratação de Goretzka pelo Bayern de Munique foi anunciada ainda em janeiro, enquanto Meyer confirmou sua transferência para o Crystal Palace apenas nos últimos dias. No caso deste último, a saída era iminente após ser afastado do grupo no fim de abril por conta de um desentendimento com Heidel.

Johannes Geis voltou de empréstimo do Sevilla e Omar Mascarell veio do Eintracht Frankfurt para não deixar o elenco tão enxuto no meio-campo, mas as duas melhores contratações dessa janela de transferências vieram para outros setores. Mark Uth marcou 14 gols e distribuiu cinco assistências pelo Hoffenheim na última temporada da Bundesliga, e pode trazer uma contribuição necessária para o ataque do Schalke, que marcou 53 gols ao longo do campeonato alemão, a menor marca entre os seis primeiros colocados na tabela. Guido Burgstaller teve um bom ano, com 11 gols, mas o fato do segundo e o terceiro colocados na lista de artilheiros do clube serem Naldo (sete gols) e Daniel Caligiuri (seis gols) indica que um reforço para o ataque era importante.

Mark Uth chega do Hoffenheim para aumentar o poder de fogo do Schalke

A segunda contratação do Schalke que chamou atenção foi a de Salif Sané, um dos melhores zagueiros da última temporada na Alemanha. Se a defesa já era o ponto forte do time sob o comando de Tedesco, a expectativa é que ela fique ainda mais sólida com a chegada do agora ex-jogador do Hannover. Com Sané e Naldo, os Azuis Reais ficam atrás apenas do Bayern de Munique em termos de talento nessa posição do campo. Considerando apenas defensores, eles foram os dois que mais venceram disputas aéreas na Bundesliga 2017/18, com uma pequena vantagem para o senegalês.

Com a manutenção de Tedesco e os bons resultados recentes, a equipe de Gelsenkirchen não deve fugir da fórmula que a levou ao segundo lugar. Não devemos esperar atuações ofensivas exuberantes, mas sim segurança defensiva: apenas Stuttgart e Bayern de Munique sofreram menos gols na última temporada da Bundesliga. O Schalke teve média de 47,9% de posse de bola na competição, apenas o 10º maior índice entre todos os clubes. Com pouco tempo de posse entre seus jogadores, a bola parada se apresentou como uma boa arma. O time marcou 24 gols com esse recurso (sendo dez de pênalti), a melhor marca no campeonato alemão e quase metade do total de gols da equipe na campanha.

Os Azuis Reais precisam variar mais seu repertório ofensivo para tentar repetir o sucesso, especialmente a nível europeu. A classificação para o mata-mata da Champions League depende muito do sorteio dos grupos, mas a tendência é que essa seja uma tarefa difícil. Com atacantes jovens e promissores no elenco, a expectativa é que alguns deles possam crescer este ano, como Breel Embolo e Amine Harit, que já foi eleito o melhor jovem da última temporada da Bundesliga. Como Uth foi a única contratação relevante para o ataque, um salto de qualidade dos dois garotos é importante para o Schalke crescer ofensivamente.

Embolo é uma promessa e ainda pode ganhar espaço no elenco e crescer muito com a camisa azul

Ao longo da última temporada, Domenico Tedesco quase sempre usou um esquema tático com três zagueiros, e assim deve continuar este ano. A única variação que costumava acontecer era no número de atacantes. Normalmente, três entravam em campo como titulares, mas em algumas escalações mais conservadoras havia dois jogadores dessa posição, com um atleta a mais de meio-campo logo à frente dos zagueiros para reforçar a marcação. Os dois alas têm liberdade para chegar ao ataque, mas quando o Schalke é atacado, eles recuam e chegam a formar uma linha de cinco defensores com os zagueiros.

Em sua primeira temporada como treinador em alto nível, Tedesco alcançou 18 vitórias na Bundesliga. Apenas Felix Magath teve um número melhor em seu ano de estreia no Schalke (19 vitórias em 2009/10). A torcida em Gelsenkirchen espera um sucesso semelhante, mas se dedicar ao campeonato alemão e à Champions League será um desafio enorme. Dirigentes do clube já buscam renovar com o treinador, que tem contrato apenas até o meio de 2019. Se não houver um acordo rápido entre as duas partes, os resultados da temporada que está prestes a começar serão determinantes para o valor de mercado e para o destino de Tedesco.

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