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Análise Tática: PSG 0-1 Bayern

PSG e Bayern se enfrentaram nesta terça-feira (14/02), em uma das partidas mais esperadas das oitavas de final da UEFA Champions League. No reencontro entre as duas equipes, finalistas em 19/20, o clube alemão venceu por 1-0 e garantiu uma importante vantagem para o jogo de volta, a ser disputado em Munique no mês que vem.

A partida foi marcada por fases distintas, alternando entre o domínio bávaro e o equilíbrio provocado pela entrada de Mbappé - de maneira geral, Nagelsmann acertou em sua formação e venceu o duelo tático contra Galtier.

Nagelsmann planejou bem a partida e saiu vitorioso - Foto: Franck Fife/Getty Images

Formações iniciais

Julian Nagelsmann optou por escalar uma equipe com 3 defensores, utilizando Pavard como zagueiro pela direita. Mais à frente, Goretzka tinha liberdade para subir no terreno e se juntar a Musiala e Sané no corredor central, enquanto Coman (esquerda) e João Cancelo (direita) permaneciam em posições mais abertas.

Posicionamento ofensivo do Bayern - Foto: BT Sport 2/editada

Sem poder contar com o atacante francês Kylian Mbappé, o PSG iniciou a partida com uma postura defensiva e passou o primeiro tempo se defendendo em um 4-4-2 bem compacto, com Neymar e Messi formando uma dupla de ataque.

Posicionamento defensivo do PSG no 1T - Foto: BT Sport 2/editada

Os méritos do Bayern aliados aos problemas do PSG

Mesmo atuando fora de seus domínios, o Bayern não se intimidou e manteve uma postura agressiva de marcação, subindo várias peças ao mesmo tempo (incluindo os dois alas) para pressionar a saída de bola rival e agrupando jogadores após induzir o PSG a sair pela lateral. Esse comportamento gerou recuperações de bola no setor ofensivo por algumas vezes, possibilitando ao time bávaro criar suas melhores oportunidades.

O Bayern utilizou vários jogadores no campo ofensivo para brecar a saída de bola rival - Foto: BT Sport 2

A ausência de Mbappé no PSG deixou a linha defensiva do Bayern bastante confortável, ainda que estivessem atuando à quase 60 metros de seu próprio gol constantemente. Neymar e Messi são dois jogadores que rendem melhor ao receber a bola diretamente em seu pé e não oferecem a mesma ameaça em profundidade que o atacante francês: isso permitiu que o trio de zagueiros mantivesse uma postura agressiva, subindo para pressionar os atacantes rivais no campo adversário e recuperando a posse de bola rapidamente sem grandes preocupações. 

Messi recua para receber e de Ligt acompanha seu movimento para pressioná-lo - Foto: BT Sport 2/editada

A dificuldade do PSG para ameaçar os alemães e manter a posse de bola por períodos mais longos pode ser vista nos números do primeiro tempo: foram 10 finalizações bávaras e 57% de posse contra apenas 1 chute dos franceses.

Ao optar por se defender em um bloco mais baixo, o PSG contava com as coberturas de Soler (esquerda) e Zaïre-Emery (direita) pelas laterais, acompanhando possíveis ultrapassagens de um meia pelo setor. A dupla de ataque composta por Messi e Neymar não foi capaz de incomodar a saída de bola do Bayern, o que significou que os zagueiros e Kimmich (quase sempre às costas dos dois) recebiam pouco pressionados e tinham tempo para distribuir - dessa forma, Goretzka podia ser um homem a mais atacando a última linha por não ser necessário mais recuado.

As alterações do segundo tempo

As duas equipes voltaram do intervalo com substituições: Galtier sacou Hakimi para a entrada de Kimbempé, deslocando Marquinhos para a lateral direita - com a bola, o zagueiro brasileiro se mantinha numa posição mais baixa e Nuno Mendes, na esquerda, passou a atacar o corredor com mais frequência, oferecendo a profundidade que faltou no primeiro tempo. Nagelsmann, por sua vez, apareceu com Davies na vaga de Cancelo e inverteu o corredor ocupado por Coman.

As mudanças no Bayern surtiram efeito antes. Aproveitando um momento em que Danilo foi atendido fora de campo, o clube alemão explorou muito bem o espaço criado na linha defensiva, quando Zaïre-Emery foi forçado a ocupar um espaço central pela ausência do meio campista. Choupo-Moting atraiu Sérgio Ramos para fora da área e as corridas de Sané e Musiala criaram a distância necessária entre Nuno Mendes e Coman. O ala francês atacou a área (movimento pouco realizado por Cancelo) com competência e marcou o gol do jogo.

Os detalhes do gol de Coman - Foto: BT Sport 2/editada

O impacto de Mbappé

Pouco tempo depois, a entrada de Mbappé transformou o cenário da partida, como se espera de um dos jogadores mais determinantes do futebol mundial. Ainda que não estivesse 100% fisicamente, o francês ofereceu um tipo de ameaça que o PSG não tinha tido no jogo até então e acabou por segurar mais o trio de zagueiros do Bayern. O fato de Nagelsmann ter pedido para Upamecano e Pavard inverterem suas posições foi um exemplo do peso que Mbappé significava naquele momento do jogo.

Responsável por travar um duelo direto contra o atacante do PSG em vários momentos, Upamecano passou a orientar seu corpo para correr para trás nos lances em que Mbappe poderia receber em profundidade, alterando seu comportamento e subindo para pressionar com menor frequência. Na primeira jogada de perigo do time francês, Mbappé recebe a bola no espaço, supera a marcação e exige grande defesa de Sommer.

A entrada de Mbappé significou ter uma ameaça em profundidade - Foto: BT Sport 2/editada

Essa mudança acabou por gerar um espaço maior no meio campo, obrigando Nagelsmann a recuar a linha de volantes para lidar melhor com as transições defensivas. Goretzka passou a atuar mais alinhado a Kimmich e diminuiu seu impacto ofensivo. Dessa maneira, a partida se equilibrou e os dois times alternaram chances, quebrando o domínio exercido pelo Bayern no primeiro tempo.

Goretzka mais recuado - Foto: BT Sport2/editada

A partida de volta

Faltam 3 semanas para a partida de volta, na Alemanha, e Mbappé deve ter tempo de sobra para se recuperar plenamente. Após sua entrada, o Bayern sofreu a partir de suas conexões com Nuno Mendes pela esquerda (o gol anulado saiu daí) e o cenário inicial do jogo deve ser diferente do que vimos na França. O Bayern conquistou uma importante vantagem, mas o confronto ainda não está definido e a briga pela classificação promete ser duríssima. Nagelsmann não poderá contar com Pavard, expulso - com menos opções, veremos o que ele planeja para o próximo jogo, mas algumas das tendências da primeira partida podem continuar.

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