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A importância de André Silva para o RB Leipzig

Os Touros tem rendido mais quando o atacante português aparece no time

O RB Leipzig encerrou a temporada 21/22 com vários motivos para comemorar: depois de uma recuperação incrível, a vaga no top 4 da Bundesliga foi garantida e o clube conquistou seu primeiro título ao derrotar o Freiburg na final da DFB Pokal. A continuidade do trabalho de Domenico Tedesco e o alto nível das contratações realizadas (Diallo, Raum e o retorno de Timo Werner) elevaram as expectativas para 22/23. No entanto, a temporada começou de maneira conturbada e uma troca no comando aconteceu após apenas 5 rodadas da liga nacional.

Um dos problemas que levou a demissão de Tedesco foi a dificuldade em encaixar suas peças ofensivas. André Silva, atacante titular em vários jogos da temporada passada, perdeu espaço entre os onze e o rendimento do time caiu.

André Silva - Foto: @UEFAcom_de

O rendimento do Leipzig com e sem André Silva

Considerando partidas de Bundesliga e da UEFA Champions League, ele foi titular apenas 50% das vezes com Tedesco - apesar de serem poucos jogos, o rendimento do time foi melhor quando o português iniciava jogando. Dentre os 6 jogos desse período, o clube empatou uma vez e perdeu duas sem André Silva no time titular, contra 1 vitória, 1 empate e 1 derrota com ele.

Marco Rose assumiu a equipe e o atacante português voltou a ser escalado com maior frequência. Rose iniciou sua trajetória com André Silva no banco em seus dois primeiros jogos, mas depois optou por tê-lo como titular em quase todas as partidas que realizou (exceção feita a dois jogos que ocorreram antes de confrontos decisivos pela UCL). Somando as passagens de Tedesco e Rose, o desempenho do clube sobe quando o atacante é titular.

Aproveitamento do RB Leipzig com André Silva titular e no banco - apenas Bundesliga e UCL

Até então, André Silva tem um gol marcado na Bundesliga e 3 na UCL. Seus números não encantam, mas é importante notar como a produção ofensiva da equipe sobe com ele em campo.

O RB Leipzig marca mais gols com André Silva em campo - Fotos: Adam Pretty/Getty Images e Facebook

O que torna André Silva tão valioso?

As principais opções para o comando do ataque do RB Leipzig nessa temporada tem sido André Silva e o alemão Timo Werner, dois jogadores de características bem diferentes. Werner é um jogador de mais mobilidade e costuma frequentemente deixar o centro do campo, buscando receber a partir das duas pontas. André Silva, por outro lado, ainda que recue para receber de costas em determinadas situações, transita principalmente pelo setor central.

Werner costuma buscar a ponta, mesmo quando é a peça mais avançada do ataque - Foto: Football2/editada

A importância de André Silva para o sistema ofensivo do RB Leipzig reside aí: a partir de seu posicionamento, o atacante é capaz de influenciar o ataque da equipe sem precisar marcar gols ou até mesmo tocar na bola. Através de corridas concentradas no corredor central, ele ocupa os zagueiros adversários e os empurra para trás, criando um espaço que pode ser explorado por outros jogadores.

Esse tipo de movimentação é muito útil até mesmo quando a defesa adversária se encontra mais povoada, como no exemplo abaixo. Raum recebe uma bola na ala esquerda e prepara um cruzamento para a grande área: André Silva, então, faz um deslocamento em direção à primeira trave e atrai a atenção de três defensores, possibilitando que Forsberg receba livre de marcação para tentar finalizar.

Buscando um conceito bastante utilizado no basquete, pode-se dizer que o centroavante possui um valor elevado de gravidade (tendência a atrair defensores para um certo local) ao realizar esse tipo de corrida. Esse conceito pode ser visto em outra situação também: ao recuar para receber a bola de costas, ele atrai a atenção dos marcadores adversários, novamente criando espaços que podem ser aproveitados por seus companheiros de equipe.

André Silva criando espaços - Foto: ESPN+/editada

No caso de Werner, por exemplo, isso ocorre com menor frequência, por ser um jogador que rende melhor quando recebe a bola de frente para o gol. Durante sua melhor temporada (19/20, quando marcou 28 gols em 34 partidas da Bundesliga), aliás, Werner atuou juntamente a atacantes com estilos mais similares ao de André Silva (Schick e Poulsen).

Werner não atrai tantos jogadores ao recuar - Foto: Football2/editada

No cenário atual em que pontas invertidos (aqueles que jogam buscando o centro a partir das pontas) e o preenchimento da região central do campo se tornaram tão comuns, ter um jogador capaz de criar espaço para que os outros joguem é algo quase indispensável. André Silva não tem tido a mesma eficácia goleadora que Nkunku, por exemplo, mas rapidamente tem se tornado um jogador tão importante quanto.

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