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Entrevista exclusiva com Vincent Vermeij, atacante holandês do MSV Duisburg

Cria do Ajax, Vincet Vermeij chegou ao Duisburg em 2019. De lá para cá, se firmou como o centroavante titular das Zebras. Com 15 participações diretas em gols em 20 jogos disputados, Vermeij é um dos grandes nomes da 3. Liga. 

Foto/Reprodução: Imago Images/ Hartmut Bösener
Antes de mais nada, gostaríamos de agradecer ao Vincent e ao seu agente Ran Ronen pela disponibilidade e pela atenção dada ao Fussball BR. Sempre cordiais, responderam todas as nossas perguntas sem nenhum tipo de objeção. Agradecemos também as participações mais do que especiais do blog Espreme a Laranja e do torcedor e integrante do Chucrute FC, Vitor Rawet

A entrevista aborda o início da carreira de Vermeij no Ajax, a sua passagem por outros clubes dos Países Baixos, sua chegada na Alemanha, a incrível temporada vivida por ele e pelo Duisburg e, por fim, sobre o futebol em tempos de coronavírus. Sem fugir de nenhuma questão, Vermeij respondeu isso e muito mais aqui para o Fussball BR. Confiram! 

Foto/Reprodução: Vi-Images


Samuel Novaes - Você se tornou profissional no Ajax, uma das melhores divisões de base do mundo. Nenhum time  formou tantos grandes jogadores quanto o time de Amsterdam. Como é ser uma cria das divisões de base do Ajax?

Vincent Vermeij - Acredito que é um privilégio para qualquer jogador atuar em um clube tão incrível. Apesar de ter ficado pouco tempo por lá, eu só tenho ótimas lembranças. Eu cresci e aprendi tantas coisas lá. Sem isso eu jamais teria me tornado o jogador que eu sou hoje. Meu último ano nas divisões de base do Ajax foram também o meu último ano na escola. Eles (o Ajax) me ajudaram demais a combinar as duas coisas. É difícil treinar e se preparar para as provas ao mesmo tempo. 

Samuel Novaes - Você foi contratado pelo Ajax junto ao De Zuidvogels. Apesar deles terem te contratado com apenas  17 anos, você não teve muitas oportunidades no Ajax. O que você acha que aconteceu? 

Vincent Vermeij - Eu não acho que tenha acontecido nada específico. Eles não me escolheram para , em alguns anos, ser o futuro centroavante da equipe principal. Eu precisava de mais tempo. Tinha tantos aspectos no futebol que eu precisava aprender se eu quisesse me tornar o principal atacante do Ajax. Eles escolheram me desenvolver e mostrar, para a base e para todos no Ajax, mais de mim mesmo. Para mim, eu fiz um excelente trabalho nesses anos e foi a hora de ir para um outro clube, para poder jogar toda semana e ganhar o máximo de minutos possível. 

Samuel Novaes - Depois do Ajax você foi para o De Graafschap, Heracles e FC Den Bosch, todos nos Países Baixos. Em 2019 você foi contratado pelo Duisburg. Como foi a sua adaptação na Alemanha? Existe uma grande diferença entre o futebol praticado nos Países Baixos e o futebol praticado na Alemanha?

Vincent Vermeij - Acho que me adaptei muito rápido, principalmente porque nas primeiras semanas eu estava morando em um hotel e depois fomos direto para a pré-temporada (training camp). Nesse período eu tentei falar muito alemão, mesmo que eu não conseguisse falar nada no começo. Nessas semanas eu foquei totalmente no futebol, enquanto a minha noiva estava lidando com tudo, com o nosso filho e com a mudança para Duisburg.  Eu notei, de imediato, que a intensidade na Alemanha é um pouco maior que a intensidade na Holanda. Eu tinha algumas dificuldades com as corridas sem a bola durante a pré-temporada, mas agora me sinto confortável fazendo as mesmas corridas. 

Espreme a Laranja (@espremealaranja) - Quais são as suas lembranças dos play-offs que deram o acesso a Eredivisie da temporada 14/15? Você foi o grande jogador do De Graafschap na reta final da competição, marcando gols na semifinal e na final. Você acredita que esse foi o seu maior momento nos Países Baixos? 

Vincent Vermeij - Só ótimas lembranças, claro. A maior delas continua sendo o cabeceio e o gol anotado na semifinal contra o Go Ahead Eagles. Eu acredito que esse foi o gol mais importante dentre todos os jogos nos play-offs. Acredito que outras pessoas vejam esse como o meu maior momento, mas não é como eu me sinto em relação a ele. Na temporada seguinte, já na Eredivisie, eu me sentia incrível. Eu estava forte e pronto para fazer o máximo de gols possíveis. Infelizmente o treinador decidiu, na primeira metade da temporada, não me deixar jogar tantas vezes. Entretanto, na segunda metade da temporada eu joguei todo jogo e me tornei o artilheiro do De Graafschap.

Foto/Reprodução: Pro Shots


Espreme a Laranja (@espremealaranja) - Quão importante foi o Heracles Almelo na sua carreira? O Heracles é uma grande vitrine nos Países Baixos, e eles normalmente apostam em centroavantes como você: altos, fortes e com uma grande presença de área. A preferência do time por jogadores como você te ajudou na adaptação ao elenco? 

Vincent Vermeij - Eu tive alguns anos difíceis em Almelo, começando pela grande lesão que me tirou de campo por oito meses. Na temporada seguinte eu joguei bem mas, infelizmente, não era titular sempre. Um novo treinador veio no meu último ano mas, assim como o primeiro treinador que eu tive em Heracles, ele não mostrou que me queria no time. Eu joguei alguns bons jogos lá. Infelizmente, eu esperava por mais gols e por mais tempo de jogo quando me transferi para o Heracles. 

Samuel Novaes - Você está tendo uma ótima temporada esse ano. Já são dez gols e cinco assistências em 20 jogos. Com 15 participações diretas em gols você já é um dos destaques da 3. Liga. O que você acha que contribuiu para o seu sucesso esse ano?

Vincent Vermeij - Principalmente a confiança e a crença que o treinador e todo o clube me deram desde o começo. Além disso, a minha família e eu nos sentimos confortáveis morando na Alemanha, o que faz a minha mente descansar, me permitindo focar mais no futebol. Por fim, você precisa de um pouco mais de sorte em relação a qualidade dos seus companheiros, a como trabalhamos e jogamos juntos. Nós temos uma boa equipe esse ano, com todo mundo sabendo a sua posição e mantendo os pés no chão. 

Samuel Novaes - A sua ótima temporada está ajudando muito o Duisburg, que lidera a 3. Liga. Nós sabemos que uma vaga na 2. Bundesliga é o objetivo do time, mas você acredita que é possível trazer a taça da 3. Liga para Duisburg? 

Vincent Vermeij - Eu não vejo porque não. Como eu disse anteriormente, nós temos uma boa equipe esse ano, com jogadores de muita qualidade. Nós mostramos, especialmente no começo da temporada, que nós somos capazes de atuar no mais alto nível. Nós sabemos que podemos fazer isso, é só uma questão de atuar no mais alto nível toda a semana o que, consequentemente, nos possibilitará ganhar toda a semana. 

Samuel Novaes - O mundo todo está experienciando um sério problema: o Coronavírus. Como você vê o futebol no meio da pandemia? Acredita que a 3. Liga vai retornar?

Vincent Vermeij - O futebol significa muito para mim, mas em comparação com a saúde de todos ele não tem a menor importância. Tem muita gente que quer que a 3. Liga volte. Isso me faz acreditar que há uma boa chance disso acontecer. Particularmente, acredito que isso não acontecerá devido a problemas financeiros e a capacidade de que todas as regras que são feitas para garantir a nossa saúde sejam cumpridas. 

Samuel Novaes - Qual é o seu maior ídolo no futebol? 

Vincent Vermeij - Eu nunca tive um jogador que fosse meu único ídolo, mas se eu tiver que nomear um seria Zlatan Ibrahimovic. Talvez porque eu também joguei no Ajax. A forma como ele jogava me dava vontade de fazer o mesmo. Nos últimos anos eu realmente gostei de assistir o Lewandowski. Ele é um atacante mortal, que está sempre na frente do gol e que não é egoísta. Além dos gols, ele ajuda muito o seu time. 

Foto/Reprodução: Imago Images


Vitor Rawet (vitor_rawet) - Uma pergunta de um torcedor do Duisburg: Vamos supor que o Duisburg seja promovido para a segunda divisão na próxima temporada. Você acredita que as Zebras serão capazes de competir em alto nível e se manter na liga? 

Vincent Vermeij - Eu acredito que é possível, mas se isso acontecer seria importante ter um elenco maior. Você precisaria de alguns jogadores a mais, que darão um pouco mais de qualidade para a equipe, especialmente jogadores que já jogaram nesse nível anteriormente. Nesse momento, nós não temos tantos jogadores que são familiarizados com a 2. Bundesliga. 

Vitor Rawet (vitor_rawet) - Outra pergunta de um torcedor: tem uma grande possibilidade da 3. Liga retornar sem público nos estádios. O que você acha disso? Como seria pra você jogar na MSV Arena sem o apoio dos fãs?

Vincent Vermeij - Eu odiaria jogar na nossa arena sem o apoio dos fãs. Eles sempre fazem questão de deixar o ambiente espetacular, além de nos empurrarem para a vitória, nos fazendo lutar até o final. Sem o apoio dos fãs eu preferiria não jogar. O futebol fica dez vezes mais bonito quando se tem uma grande quantidade de torcedores em um estádio.


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