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Bosz faz Brandt bilhar e Leverkusen vira o time com mais passes na Europa



O retorno de Peter Bosz à Alemanha trouxe ótimos resultados para o Bayer Leverkusen na Bundesliga. Antes uma das maiores decepções da temporada, o time vem subindo posições na tabela do campeonato alemão, está na zona de classificação para a Liga Europa e sonha com Champions League. Tudo isso veio com as digitais do treinador holandês, já com passagem pelo Borussia Dortmund. A sua equipe marca no campo de ataque como poucas fazem e já é a que mais troca passes na Europa. Além disso, Julian Brandt cresceu e vem somando números excelentes nas últimas partidas.


O desejo de ter a bola é provavelmente a característica mais marcante dos times de Bosz e ela já está bem evidente no seu novo trabalho, a ponto do Leverkusen ser a equipe que mais passa a bola na Europa no momento. Nos sete jogos da equipe sob o comando do treinador holandês pela Bundesliga, o time tem uma média superior a 700 passes por jogo. Considerando números de toda a temporada, nem Manchester City, Barcelona ou Bayern de Munique possuem uma marca maior nas cinco principais ligas do continente. A amostragem do novo trabalho de Bosz na Alemanha ainda é pequena na comparação com os demais, mas sinaliza muito bem como os jogadores já entenderam bem as ideias do treinador.


A primeira mudança visível de Bosz para seu antecessor, Heiko Herrlich, está na escalação. O atual treinador do Leverkusen gosta de colocar no time titular Brandt, Kai Havertz, Karim Bellarabi - agora contundido -, Kevin Volland e Leon Bailey. Todos os cinco com capacidade de manter a posse de bola e acompanhados apenas por Charles Aránguiz, que também tem muita qualidade com ela no pé, na frente da defesa. O treinador que estava no cargo até dezembro preferia ter um jogador mais defensivo ao lado do chileno, abrindo mão de um dos integrantes do quinteto citado acima.


A mudança de treinador e a proposta de manter a posse de bola também faz o jogo passar mais pelos pés de Havertz e principalmente Brandt. Centralizados no meio-campo, eles são os maiores responsáveis pelos passes decisivos num time que tem o passe curto como maior arma para chegar ao ataque e na grande área adversária. E é impressionante como as estatísticas de Brandt evoluíram em 2019. Nos últimos sete jogos, ele tem média de 3,42 passes para finalização por jogo. Nenhum outro jogador nas cinco principais ligas nacionais da Europa tem um número tão alto considerando toda a temporada.

Nos sete jogos sob o comando de Bosz, Brandt tem três dos quatro gols e quatro das sete assistências que alcançou nesta Bundesliga. O meia disputou 23 jogos no campeonato

Começar a marcação lá no campo de ataque, tentando atrapalhar goleiros e zagueiros, não é uma novidade no futebol atual. O diferencial em Leverkusen é como a equipe executa essa proposta. O time de Peter Bosz é capaz de incomodar muito o jogador adversário que tem a bola e tirar as opções de passe para não restar alternativa a não ser um chutão pra frente - o que normalmente acaba devolvendo a bola a um jogador do Bayer. E não foram apenas adversários frágeis que tiveram dificuldades diante dessa estratégia. Este ano, Borussia Dortmund e Bayern de Munique já sofreram com ela.


Sob o comando de Heiko Herrlich, o time já praticava uma marcação semelhante no campo de ataque, mas apenas em certos momentos do jogo. Com Bosz, ela é muito mais frequente. Por isso, os adversários estão sempre dando chutões e devolvendo a posse de bola, num ciclo que garante cada vez mais trocas de passes do Leverkusen. O problema de não deixar o oponente sair da defesa é que ele vai estar quase sempre na frente da própria grande área para se defender, dificultando a criação de chances de gol.


Em algumas partidas nesta segunda metade da temporada, o Leverkusen teve problemas demais para criar chances de gol contra um adversário recuado. Na eliminação da Liga Europa isso ficou evidente. Todo domínio na posse de bola não foi suficiente para marcar mais de um gol no Krasnodar. Contra o Dortmund, pela Bundesliga, o domínio na maior parte do primeiro tempo também não foi suficiente para a vitória. Ainda existe margem para melhorar, mas o trabalho do novo treinador é muito bom até aqui e dá uma perspectiva que não existia até o início de dezembro.

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