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De lateral ofensivo para meia recuado: vale a pena mudar Kimmich de posição?

Foto: Reprodução / Facebook
Joachim Löw não apresentou grandes novidades na sua primeira convocação após o vexame na Copa do Mundo. A espinha dorsal da equipe eliminada na primeira fase continua lá, apesar das ausências de Sami Khedira e Mesut Özil. O que mais chamou atenção durante as partidas contra França, pela Liga das Nações, e o amistoso contra o Peru foram mudanças táticas promovidas pelo treinador. E a mais drástica delas envolve um dos principais jogadores da equipe.

Joshua Kimmich se consolidou na última temporada como um dos melhores laterais-direitos do mundo pelas suas atuações no Bayern de Munique, com frequentes chegadas ao ataque e ótimos cruzamentos para deixar seus companheiros em condição de finalizar. Na seleção da Alemanha, seu posicionamento vinha sendo o mesmo, e, assim como acontece no clube, o poder ofensivo da equipe passava muito pelos seus pés. Nos dois primeiros jogos depois da Copa do Mundo, no entanto, Löw reservou um espaço diferente no campo para ele.

Tanto contra a França como contra o Peru, Kimmich foi o jogador de meio-campo mais recuado do time alemão, participando muito da saída de jogo e ganhando mais tarefas defensivas. Atuar na região central do meio-campo está longe de ser uma novidade para o jogador do Bayern de Munique. Dos 37 jogos que disputou na temporada 2016/17 pelo clube, quando ainda estava buscando garantir um lugar entre os titulares, Kimmich disputou 28 nessa posição e cinco na lateral-direita. Na última temporada, a situação se inverteu. Nome certo na escalação inicial, ele teve 44 oportunidades na lateral nos 46 jogos em que foi ao campo. Na seleção alemã, no entanto, é novidade o ver ganhar uma sequência como meia.

Mapa de calor do jogo contra a França pela Liga das Nações

Mapa de calor do jogo contra o México pela Copa do Mundo

A mudança tática levou Matthias Ginter para a lateral-direita e claramente busca dar mais segurança defensiva para a Alemanha. A Copa do Mundo deixou a lembrança de como pode ser ruim deixar espaço para contra-ataques nas costas dos laterais e Löw prontamente buscou uma solução para essa falha com laterais que avançam menos. Contudo, a ausência de Kimmich perto da linha de fundo com seus cruzamentos precisos pode fazer falta para a equipe ofensivamente. Na última temporada da Bundesliga, ele teve 10 assistências, quarta maior marca do campeonato.

Contra a França, quando Löw colocou suas principais peças desde o início, Kimmich era o jogador mais recuado no trio de meio-campo para dar liberdade a Toni Kroos e Leon Goretzka. Em vários momentos, ele se aproximava dos zagueiros para receber a bola e levá-la ao ataque, mas faltaram suas chegadas na região mais próxima da grande área de ataque. Como lateral, inclusive no Bayern, o jogador de 23 anos aproveita a liberdade que tem para avançar e ser decisivo com passes. Cumprindo o novo papel, a impressão é que o ele vai ficar distante do gol e a Alemanha pode perder muito da sua qualidade nesse setor do gramado.

Nos três jogos da Copa do Mundo, Kimmich tocou na bola 16 vezes e finalizou em outras duas oportunidades dentro da grande área adversária. No jogo da última quinta-feira na Allianz Arena, ele tocou na bola três vezes dentro da área francesa e não tentou nenhum chute. A timidez dele pode ser apenas uma questão de readaptação. Em entrevista à kicker, o próprio jogador admitiu que contra o Peru assumiu mais riscos em campo. "Contra a França eu pensei primeiro na segurança para nós ficarmos bem defensivamente. Com a bola, não tive muita confiança e dei muitos passes de lado e pra trás", explicou.

Ginter, disputando a bola pelo alto, ocupou a lateral-direita nos dois últimos jogos | Foto: Reprodução / Facebook
Ao menos a Alemanha mostrou indícios de que está mais preparada defensivamente. Não falta velocidade e talento aos atacantes franceses. Mesmo assim, os atuais campeões do mundo ameaçaram pouco em contra-ataques e não era raro ver Ginter recuando rapidamente para acompanhar de perto um adversário - algo que não aconteceu, por exemplo, contra Hirving Lozano no gol sofrido contra o México na Copa do Mundo. "Nós mostramos contra a França que pode ser bom quando há segurança ali. Na linha de quatro, nossa principal função era atrás", afirmou o jogador do Borussia Mönchengladbach após a partida de estreia na Liga das Nações.

Joachim Löw disse depois do duelo contra a França que o posicionamento de Kimmich como meia mais recuado da Alemanha será uma solução pelo menos para o "futuro próximo". Nesse período de testes, é importante para o treinador encontrar refletir se a segurança defensiva proporcionada por Ginter pode compensar a qualidade ofensiva do jogador do Bayern. Somando a última Uefa Euro e a Copa do Mundo, ele teve 19 passes para finalização em sete jogos. O treinador da seleção alemã pode achar um suplente para a lateral-direita da equipe, mas números como esses são difíceis de substituir.

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