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Como Löw mudou suas convocações desde 2016 e chegou à lista da Copa


Dois anos no comando de uma seleção são suficientes para um treinador mudar convicções, ser prejudicado por lesões e trazer surpresas de última hora que ficaram a um passo de ir para a Copa do Mundo. Tudo isso aconteceu com Joachim Löw à frente do time alemão desde 2016, e observar todas as suas convocações entre a Euro realizada na França e a Copa do Mundo da Rússia ajuda a avaliar como mudou o pensamento do treinador até ele chegar à lista de 23 jogadores anunciada nesta segunda-feira.

Löw teve dez convocações depois do torneio continental realizado há dois anos. Diante de contusões, testes e jogadores poupados, apenas dois estiveram presentes em todas as listas: o goleiro Marc-André ter Stegen e o atacante Julian Brandt. O também goleiro Bernd Leno esteve a um passo de se juntar à dupla, mas foi cortado justamente da chamada mais importante: a que o levaria à Rússia. Por outro lado, as lesões que não deixavam Marco Reus ser lembrado para a seleção alemã desde março de 2016 deram um tempo com ele e viabilizaram o sonho de jogar a Copa do Mundo.

Abaixo, posição por posição, todas as dez convocações feitas depois da Euro, seguidas com comentários sobre as principais peças da equipe. Detalhe: o levantamento considera apenas a lista inicial divulgada por Löw. Ou seja, jogadores que se contundiram e eventualmente foram cortados estão incluídos, enquanto os seus substitutos no elenco não foram considerados na análise. A exceção, claro, é no caso da Copa do Mundo, quando foram anunciados a princípio 27 nomes, mas quatro deles fatalmente tiveram que ser excluídos. Na coluna da direita, o número de convocações de cada jogador após a Euro de 2016.






Goleiros

Até a Copa das Confederações e a cirurgia no pé de Manuel Neuer, o goleiro do Bayern de Munique vinha sempre sendo chamado para a seleção acompanhando de Leno e Ter Stegen. Após a contusão do titular na Copa de 2014, Kevin Trapp o substituiu em todas as listas de Joachim Löw - também sempre ao lado dos mesmos companheiros.

Com quatro postulantes a três vagas no elenco que viaja até a Rússia, a questão era saber quem daria lugar a Neuer, finalmente recuperado da cirurgia. Mesmo com mais experiência de seleção alemã que Trapp e - até então - presente em todas as convocações desde a Euro, Leno foi cortado e o jogador do Paris Saint-Germain assumiu o seu posto.

Defensores

Entre os zagueiros da seleção alemã, a hierarquia é bem clara. Mats Hummels e Jerôme Boateng são titulares absolutos há quatro anos. Já Niklas Süle e Antonio Rüdiger foram chamados em sete das dez últimas convocações (incluindo a da Copa do Mundo) e se consolidaram como os reservas imediatos da dupla. Löw admitiu que Jonathan Tah havia sido incluído na lista preliminar apenas como precaução para o caso de Boateng não se recuperar a tempo de uma contusão na coxa. Com o titular em forma, o corte de Tah foi inevitável.

Há ainda um quinto zagueiro na lista: Matthias Ginter. Mas ele parece ter sido incluído mais para substituir Joshua Kimmich como lateral direito em caso de emergência. O jogador do Borussia Mönchengladbach não vem jogando nessa posição em seu clube e nem na seleção. Das últimas cinco vezes em que foi titular pela Alemanha, em quatro ele foi o zagueiro pela direita em um esquema com três zagueiros. Contudo, ele é quem mais tem experiência como lateral para eventualmente jogar no lugar de Kimmich.

Na esquerda não deve haver nenhum tipo de improviso. Jonas Hector é titular e recentemente Joachim Löw encontrou em Marvin Plattenhardt um reserva para a posição. Desde a Copa das Confederações, o lateral do Hertha Berlin só não foi lembrado em uma das seis convocações. Marcel Halstenberg, do RB Leipzig, foi chamado uma vez, mas sofreu uma contusão grave no joelho em janeiro e perdeu a chance de ganhar espaço.

Meias e atacantes

No meio-campo, Joachim Löw também não fugiu do esperado. Os convocados para a Copa do Mundo já vinham sendo chamados regularmente. Vale destacar o jovem Leon Goretzka, que ganhou muito espaço depois da Euro. Dos seus 15 jogos com a camisa da Alemanha, 14 aconteceram após o torneio na França. Ilkay Gündogan provavelmente só não foi convocado mais vezes por conta de uma contusão no joelho que o afastou dos gramados por um longo período entre 2016 e 2017.

Problemas físicos acabaram sendo fatais para Lars Stindl e Emre Can. Presenças recorrentes nas listas mais recentes de Joachim Löw, eles se tiveram problemas físicos nos últimos meses. No caso de Stindl, a cirurgia tirou qualquer possibilidade de ir para a Copa do Mundo. Can ainda jogou pelo Liverpool os últimos minutos da final da UEFA Champions League, mas isso não foi suficiente para assegurar sua vaga no elenco do mundial. 

No ataque é onde apareceram as maiores surpresas da convocação para a Copa do Mundo. Até a divulgação da lista preliminar com 27 nomes, Mario Gómez e Sandro Wagner tinham um número de convocações quase igual e pareciam ser os únicos que disputavam a segunda vaga como centroavante no elenco. Então surgiu Nils Petersen, roubando o espaço de Wagner ao ser chamado pela primeira vez para a seleção em toda a carreira - mesmo que somente em uma lista preliminar. No entanto, a pouca experiência com a camisa alemã e o desempenho apagado no amistoso contra a Áustria tornaram o corte de Petersen uma decisão previsível.

Entre os quatro cortados, o nome que gerou mais debate e mais duvidas na cabeça de Joachim Löw foi o de Leroy Sané. Quem acredita que o jovem jogador do Manchester City deveria ir para a Copa (estou nesse grupo) pode apontar que Sané esteve envolvido em 33 gols ao longo da última temporada (14 gols e 19 assistências), mais do que qualquer outro jogador alemão nas principais ligas europeias. Sua velocidade e habilidade para driblar os zagueiros adversários - aspectos que ficaram evidentes em gramados da Inglaterra - podem fazer falta na Rússia. Por outro lado, em 12 jogos pela Alemanha, ele teve uma assistência e não marcou nenhum gol.

O próprio treinador da seleção admitiu que a decisão entre Sané e Brandt foi parelha. Nesse cenário, não dá pra descartar o fato de que o jogador do Bayer Leverkusen esteve em todas as convocações após a Euro, enquanto o do City apareceu em apenas quatro. Além do desempenho ruim pela Alemanha, o tempo sob orientação de Joachim Löw pode ter pesado contra Sané.


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