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Custo dos jogos de alto risco: entenda o imbróglio entre a DFL e a província de Bremen


Não é só no Brasil que existem desavenças na questão do pagamento de custos sobre uma partida de futebol. Na última terça, foi realizada o julgamento entre a Liga Alemã de Futebol (DFL) e a cidade de Bremen acerca de quem deverá assumir os custos adicionais para operações policiais em jogos de alto risco. Depois de seis horas de negociações, não houve um veredito final.

O motivo dessa disputa foi um jogo realizado em 19 de abril de 2015, entre Werder Bremen e Hamburgo, o famoso derby do norte alemão. Na ocasião, a cidade de Bremen enviou um orçamento do custo de 425.718 euros sobre a operação policial daquela partida, solicitando mais segurança, visto que somente cerca de 969 policiais fariam o supervisionamento. Para medida de comparação, esse número representa quase que a metade do aparato policial rotineiro em jogos realizados em outros estados do país.

Em 25 de abril de 2016, a DFL se queixou e entrou com uma ação contra o aviso do pagamento. No ano seguinte, em 17 de maio de 2017, o Tribunal Administrativo de Bremen concluiu o processo e confirmou de que o aviso da taxa era ilegal. As razões para tal eram, entre outras coisas, deficiências na fixação de taxas. Contudo, o Supremo Tribunal Administrativo de Bremen indeferiu a ação e reascendeu a discussão sobre com quem deve ficar a obrigação de pagamento dos custos dos jogos de alto risco.

O presidente do Werder Bremen, Hubertus Hess-Grunewald (à esquerda), e o presidente da DFL, Reinhard Rauball. (Foto: dpa)
Imediatamente antes do início das negociações, o presidente da DFL, Reinhard Rauball, deixou clara a posição do futebol alemão no caso, evidenciando que o argumento de que a DFL faz bilhões em vendas e poderia pagar a taxa com relativa tranquilidade, não se aplica. “O estado é responsável por manter a segurança e a ordem. Isto está definido no papel, e o estado de direito deve ser respeitado”, disse Rauball.

Além disso, ele tem na área da terceira ou quarta divisão de futebol no país — que, no entanto, estão sob a soberania da DFB — sérias preocupações  sobre o futuro de alguns clubes, se tais custos fossem pagos pelos mesmos. “O monopólio deve permanecer com o Estado”, ressaltou Rauball, esclarecendo que os times da Bundesliga acabariam pagando bilhões de impostos e taxas.

O presidente atribuiu grande importância à afirmação de que a relação entre a associação e a cidade fora do tema dos custos policiais era mais do que boa. O Werder Bremen, ao lado da opinião da DFL, afirma que a garantia de segurança e ordem em torno dos jogos da Bundesliga é de responsabilidade do estado e a associação não deve ser cobrada.

O futebol não é o catalisador da violência, e o Estado é responsável pelo exercício da segurança pública e da ordem, concluiu Rauball.


 

Logo antes do julgamento na terça-feira, Ulrich Mäurer, senador do estado de Bremen, declarou: “Se o clube não puder garantir a segurança sem mais policiais, teremos apenas a alternativa de cancelar o jogo”. Então, os grandes prejudicados nisso tudo seriam os clubes. Em primeiro passo, pensem em um montante fixo.

O outro ponto em evidência é o chamado ambiente espacial. Por exemplo, o clube tem que cobrir os custos das translocações entre uma estação central e o estádio? Onde exatamente termina o ambiente espacial, onde começa? De acordo com a defesa de Bremen, alguns torcedores que chegam de trem, antes ou depois da estação principal, saem para tentar escapar do controle da polícia. Portanto, o policiamento deve estar no local das paradas apropriadas.

Confiante, Mäurer confirmou, pelos resultados da pesquisa recente, 90% da população é a favor de envolver a DFL nos custos. Para ele, o processo é um modelo para toda a Alemanha.  A princípio, o problema é que a DFL rejeita participação nos custos, mesmo que minimamente. O objetivo de Bremen, de acordo com o senador, é uma regulamentação nacional, para que possa haver uma compensação justa, por exemplo, por meio de um fundo.

De acordo com o status atual, a decisão final será anunciada às 11 horas da próxima sexta-feira (29). Se o custo da taxa for declarado legal e a DFL for cobrada por operações policiais adicionais, viria para o futebol profissional um estimado custo adicional de cerca de 20 milhões de euros por ano. O mesmo também iria atingir os clubes da terceira divisão — que ainda tem o status profissional — e possivelmente também na quarta divisão.

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